Soa estranho colocar ressalvas em uma vitória sólida, por 4 a 0, sem grandes sustos, como esta do Botafogo sobre o Atlético-GO no Engenhão. Acontece que nem só de festejos alvinegros foi feito o jogo deste sábado. Seedorf abriu o resultado com um gol, mas trocou o sorriso por lágrimas ao sofrer uma lesão muscular pouco depois. A rodada ainda amenizou o impacto do triunfo botafoguense, já que São Paulo e Inter também ganharam. Ao Dragão, com mais uma derrota, resta esperar a explosão da bomba-relógio que virou a reta final do campeonato. O rebaixamento é questão de tempo. Foi a terceira vitória seguida do Botafogo no Brasileirão – agora é o sexto colocado. - O sobe na tabela, mas as perspectivas de vaga na Libertadores seguem pouco animadoras. Restam apenas cinco rodadas, e a distância para o São Paulo, atual último classificado, é de oito pontos. Para o goleiro Jefferson, o mais importante é a evolução tática do time.
Quinze minutos separaram as duas pontas de um contraste para Clarence Seedorf no gramado do Engenhão neste sábado. A imagem do jogador chorando ao manquitolar para fora do campo, com lesão muscular na coxa direita, foi o extremo oposto da alegria que ele sentiu ao fazer o primeiro dos dois gols do Botafogo sobre o Atlético-GO no primeiro tempo. Foi um momento emblemático: um jogador de 36 anos, consagrado, rico, multicampeão, chorou por causa de uma lesão – de decepção, não de dor, é que ele sabe quão importante é para o Botafogo, como ficou escancarado no primeiro gol alvinegro, aos 20 minutos. Seedorf parece sempre chegar na hora certa para concluir. Ele esperou o cruzamento de Lucas, o desvio de calcanhar de Lodeiro e o passe de Bruno Mendes para, com precisão matemática, encontrar a bola e fazer o gol. Festa, alegria, sorrisos: por 15 minutos. Pouco depois, viriam as lágrimas. Enquanto isso, o Atlético-GO se consolava em algum milagre qualquer para seguir adiando um rebaixamento (quase) inevitável. Os visitantes tiveram mais posse de bola do que os mandantes no Engenhão nos 45 minutos iniciais: 54% contra 46%. Mas pouco adiantou. Ficou muito com o controle de um objeto com o qual não soube lidar. O Botafogo, embora jamais tenha amassado o adversário, foi muito mais efetivo no ataque. Teve nove finalizações, contra quatro do Dragão – que só ameaçou de verdade em chute cruzado de Reniê, para fora. Justamente por isso, não chega a ser injustiça o time carioca ter alcançado seu segundo gol no último lance da etapa. Foi um gol de ensaio, de precisão. Andrezinho cobrou falta pela esquerda na direção da área. O zagueiro Dória esperou o momento oportuno para arrancar e, de cabeça, ampliar a vantagem do Botafogo.
Caso os jogadores do Atlético-GO sejam sujeitos otimistas, voltaram para o segundo tempo esperançosos de uma reviravolta. Mas durou pouco. Com três minutos, Gabriel deu o golpe final em um oponente cambaleante. Detalhe: cruzou quase o campo inteiro sem ser incomodado para fazer o terceiro gol. Jefferson fez uma intervenção, ficou com a bola nas mãos e logo percebeu Gabriel à frente da área. Cedeu a jogada a ele. O volante olhou para a frente e disparou. E foi mais um pouco. E correu mais um tanto. Parecia estar sozinho em campo. Ninguém chegou perto dele. O chute cruzado ainda desviou em Diego Giaretta: 3 a 0. Aí o jogo virou uma calmaria para o Botafogo. Andrezinho, de muito boa atuação, merecia um gol. Faltou pouco para conseguir. Primeiro, Giaretta cortou chute em diagonal dele. Depois, Márcio voou para espalmar cobrança de falta. Não deu, mas o placar não estava fechado. Faltava o gol do xodó. Bruno Mendes, aos 34 minutos, aumentou sua recente coleção de gols. Fez o quinto nos últimos quatro jogos ao chutar de longe, rasteiro, no canto de Márcio. Diego Giaretta ainda foi expulso, tornando um pouco mais melancólico o fim de jogo do agonizante Dragão goiano. Mas o Botafogo pouco fez depois disso. Os minutos finais foram quase uma encenação – com os dois times esperando o tempo passar e ouvindo a torcida alvinegra anunciar a vitória do Glorioso.
- Cássia Carvalho
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